Dia histórico: os 3 indo ao colégio, juntos! |
Esta, foi uma semana especial, de
começos e recomeços, para a nossa família. Logo na segunda-feira, celebramos o
9º ano de vida do nosso primogênito, e vibramos com o início da vida escolar da
Clarinha (3). Na quarta, após férias bem aproveitadas, André (9) e Pedro (5)
voltaram às aulas. Não “só” isso. Retornaram com uma nova companhia: a
irmãzinha. Por isso, foi um dia histórico e emocionante, para nós. Era a
primeira vez que os três irmãos, nossos filhos, iam ao colégio juntos, como
estudantes. Não coincidentemente, foi também nesse dia que comecei a elaborar
este texto – o primeiro do blog –, e que voltei a escrever, depois de um longo
período.
No entanto, isso – de voltar a
escrever – não aconteceu somente porque as crianças foram para a escola. Pensando
bem, na verdade, o maior motivo foi mesmo este. Mas não porque a presença dos
filhos me impedisse de fazê-lo, antes – se fosse por isso, eu teria escrito
este texto enquanto eles estavam na escola, e não quando estão todos em casa,
como foi o caso. Eu não planejei o momento de retornar. Poderia ter recomeçado
antes, ou melhor, poderia nunca ter parado – falta de assunto e de inspiração
que não foi, tampouco de tempo.
Como bem disse Cyril Parkinson
(professor, historiador, administrador e escritor inglês): “O homem mais
ocupado é quem tem mais tempo livre”. Dá para refletir! O que não dá, é usar a
falta de tempo, como desculpa – e menos ainda as crianças, como justificativa.
Seria muito injusto. Só podemos culpar a nós mesmos, se deixamos de fazer –
livremente – algo que gostamos. Quando isso acontece, geralmente, ou é porque não
se trata de uma coisa realmente importante para nós, ou é pura falta de
organização e disciplina, da nossa parte. No meu caso, a segunda opção é a mais
adequada. Mea culpa!
Mas, e a razão de ter voltado a
escrever justamente nesse dia? Simplesmente, o marco da quarta-feira serviu de
estalo para me tirar da inércia. Ver os três juntinhos, de uniforme, cada um
puxando a sua mochila, reacendeu em mim o que faltava. Eu sabia que voltaria a
ver essa cena quase todos os dias, durante muitos anos; mas aquela era a
primeira vez. Aquele momento marcava o início de uma nova etapa, de um novo
começo.
Enquanto eles iam caminhando, tão
tranquilamente, à minha frente, eu ia me dando conta – mais uma vez – de que o
tempo não para. É óbvio que sabemos bem disso, mas, muitas vezes, vivemos como
se esquecêssemos. Até surgir algo – uma frase, um acontecimento, uma cena... – que
nos faça despertar, de súbito, com o desejo de não desperdiçar um instante
sequer.
Em casa, tudo parecia estranho.
Silencioso e vazio demais. Nem pude ligar a TV, para encher o ambiente de som,
pois estava faltando energia. Fui logo tratando de fazer alguma coisa – e havia
várias para escolher –, mas fiquei perdida, naquela solidão. Não era para
menos. Afinal, do dia anterior para trás, somava-se 9 anos de companhia praticamente
constante. Quase uma década acostumada a chorinhos, risadinhas, pisadas de
pezinhos gostosos correndo pela casa, convites para as mais diversas
brincadeiras, várias chamadas ao banheiro e os incontáveis “mamãe!”,
completando a “sonorização” do ambiente. Ainda bem que toda essa ausência só
dura até o final da manhã. Vou me acostumar – não tão rápido quanto as crianças
se adaptaram ao colégio, mas sei que vou!
Dia histórico: 1ª vez juntos, no colégio! |
Pode parecer que estou exagerando
e fazendo drama, mas não é isso. Também, não chega a ser nostalgia ou tristeza.
É um sentimento diferente. Um medo atrelado ao desejo de não perder tempo. Sinto
o meu nível de sensibilidade mais elevado, como se estivesse mais atenta aos
detalhes, nas coisas fundamentais do dia a dia. Como se pudesse ver com mais
clareza, para fazer as escolhas certas e ficar sempre com o mais importante da
vida. Até aqui, sei que fiquei (com a melhor parte), não há dúvida disso.
“Tudo tem o seu tempo. Há um
momento oportuno para cada coisa debaixo do Céu” (Eclesiastes 3,1). É essa
certeza que move o meu coração e as minhas decisões. É ela que me deixa em paz
e grata, pelo tempo que passou, sabendo que vivi o que era para ser vivido, sem
pressa e atropelos. É acreditando nisso que acolho e abraço o novo tempo que se
inicia, com tranquilidade e esperança. Tudo dará certo – como sempre –, mesmo
que às vezes pareça que não. E se for preciso abrir mão de alguma coisa e fazer
escolhas, sem problema. Não tenho medo delas. A vida é feita disso, não é
mesmo? Quando a nossa prioridade está no essencial, naquilo que,
inquestionavelmente, jamais poderia ficar em segundo plano, tudo fica bem – do
início ao fim!
Raquel Suppi