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Graduada em jornalismo e escritora de romances e histórias infantis, foi no lar que descobri o maior sentido da vida. Alguém que encontra amor e alegria nos desafios e nos prazeres cotidianos do matrimônio e da maternidade. Enfim, uma mulher loucamente apaixonada pelo marido e pelos filhos, que se torna plena, descobre-se e se realiza, cada dia e sempre mais, no seio da família.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Amor escondido

*Texto escrito em maio de 2015*

Toda família tem uma rotina própria, para que as coisas “funcionem” da melhor maneira possível. Na nossa não é diferente. Com três filhos pequenos – e um cachorrinho –, é preciso um mínimo de organização, para que o caos não se instale. Por isso, temos horários, para quase tudo: acordar, brincar, estudar, descansar, dormir... E, como as regras existem para ajudar – pelo menos, deveria –, as nossas servem “apenas” de norte e referência, como um meio possível e mais adequado, para facilitar o cotidiano – e não como uma “lei rigorosa” que, no lugar de auxiliar, mais atrapalha e gera estresse.

É claro que não é fácil. Tampouco, é algo do outro mundo. Daí a necessidade de organização e planejamento, além da colaboração de todos (cada um, da sua maneira). Com boa vontade, perseverança, firmeza e uns ajustes aqui e ali, a gente vai encontrando um meio prático e eficiente de simplificar o dia a dia. Aos poucos, tudo fica menos exigente e bem mais leve, pois se torna um hábito. Mas isso não quer dizer que as coisas não saiam dos eixos – uma vez ou outra!

Assim como há dias maravilhosamente tranquilos, existem aqueles um pouco mais desafiantes. Normalíssimo! Às vezes, é só uma questão de interpretação e de humor – a falta deste, por exemplo, pode nos fazer enxergar uma situação de forma equivocada ou bastante exagerada. Aí é respirar fundo, pedir muita sabedoria e umas doses a mais de paciência. Nada que a esperança de um novo dia não ajude a acalmar os ânimos. Mas, quando as coisas insistem em não melhorar, e as dificuldades continuam se alastrando, dia após dia, é necessário rever tudo, com calma. Talvez, repensar a rotina, fazendo algumas mudanças, pode ser a solução. Seja como for, o importante é não desanimar e sempre recomeçar, pois tudo pode ser diferente, no dia – ou no minuto – seguinte.

Numa tarde dessas, uma amiga apareceu de surpresa, bem na hora da soneca das crianças. O Bingo – nosso cãozinho – já se agitou todo, ao toque do interfone, e ficou ainda mais empolgado, quando abri a porta de casa. Muito animado, saltava e latia, escandalosamente! Toda a zoada não deu outra, e a criançada acabou acordando, antes do tempo. Como nenhum dos três quis voltar a dormir, tratei de servir o lanche – para todos nós. Em seguida, auxiliei os meninos nas tarefas escolares, enquanto colocava o papo em dia com a amiga, e tentava distrair a caçula (para não atrapalhar os irmãos).

No fim das contas, mesmo com toda a agitação, improviso e sono interrompido, tivemos uma tarde muito agradável. Tudo deu certo, sem precisar de muito esforço. Apesar da mudança da rotina e dos atropelos que ela trouxe, a meninada colaborou, em tudo. Fiquei bastante feliz e surpresa. Mas, quem pareceu ainda mais impressionada, foi a minha amiga.

Já perto de ir embora, depois de ter passado cerca de três horas conosco, ela confessou o quanto estava admirada com o comportamento das crianças e com a forma que eu lidei com tudo. Comentou que sempre imaginava que a rotina e a casa de uma mãe/família, com três filhos, fosse bem caótica, estressante e bagunçada. “Com gritos, sujeira de comida pelo chão, brigas entre os irmãos e muitos brinquedos jogados pela casa”, enfatizou ela.

Tive vontade de rir. Aliás, eu ri! De fato, aquela tarde havia sido bem tranquila – sobretudo, levando em conta os contratempos –, o que me deixou feliz e aliviada,principalmente depois da tal observação. Então, ela perguntou se era sempre assim. Antes de responder, fiz rápida memória das vezes que, por exemplo, a hora do lanche terminou com pedaços de frutas, respingos de suco e migalhas de biscoito pelo chão (mesa, cadeiras e sofá também); de quando as crianças resolveram não colaborar com a hora da tarefa; daqueles inúmeros castigos, por conta de birras e brigas; e das diversas situações que não saíram “redondinhas”. Diante de tantas recordações, é claro que não pude mentir.

Fui bastante sincera – comigo e com ela –, ao responder que tudo depende de como encaramos as coisas. Se nos deixarmos dominar pelo cansaço e mau-humor, qualquer pequeno detalhe pode ser motivo para deixar o dia estressante e exaustivo. Por outro lado, quando temos boa vontade e tolerância, conseguimos enxergar e levar tudo com mais leveza, mesmo diante de uma situação mais complicada. A grande questão é o foco que damos e o amor que colocamos (e, consequentemente, recebemos), em cada momento.

Não sei ao certo se ela entendeu o que eu quis dizer. Mas, no final, fiquei feliz com o que ela presenciou, naquela tarde. Não pelo fato de as crianças terem cooperado mais ou menos.  Mas porque minha amiga testemunhou e captou o mais importante: o amor e a felicidade de uma mãe, escondidos na rotina diária de uma família.

Raquel Suppi

9 comentários:

  1. perfeito! me sinto aliviada por ser tb "normal".

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    1. Estamos juntas, Jani!!! :D Obrigada pelo comentário! Deus abençoe a família de vcs! Abração!

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  2. eita! tô escrevendo no pelo email do marido :)

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    1. Hahaha Já fiz isso! ;) Volte sempre, seja pelo seu ou do esposo, mas volte! Venha compartilhar conosco! Bjos.

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  3. Quel, é muitoooo isso mesmo... como encaramos faz toda a diferença. Nosso humor/ânimo influencia, ou mesmo determina, as reações gerais da família.. aqui vez ou outra comentamos sobre isso, justamente surpresos por alguns dias que poderiam ter sido caóticos, terem sido super tranquilos; enquanto dias “comuns” se transformam numa 3a guerra mundial. 😱 To amando os textos! Continuaaaaa

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    1. Vcs são uma família linda e admirável! Obrigada pela presença e incentivo, Rena! Vou continuar (se Deus quiser!!!). Continua acompanhando (pode me seguir), tbm! Bjo, amo vcs!

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    2. quel, acho que agora consegui te seguir. nao aparecia a opção pra mim pelo celular! e estou sem celular, lavei ele na maquina de lavar junto com os lencois! buaaaaaaa

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    3. Este comentário foi removido pelo autor.

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    4. Pôxa, Rena... Que coisa! Mas vc sabe que eu, como ninguém, entendo bem o que você está passando! Rsrsrsrs Só que o meu caso foi um tanto mais nojento, já que o meu celular preferiu mergulhar no vaso sanitário (e aconteceu mais de uma vez!). De fato, é super chato, mas é "apenas" algo material que, cedo ou tarde, pode ser substituído. Olhar por essa ótica sempre ajuda. Beijos! Amo vcs!

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