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Graduada em jornalismo e escritora de romances e histórias infantis, foi no lar que descobri o maior sentido da vida. Alguém que encontra amor e alegria nos desafios e nos prazeres cotidianos do matrimônio e da maternidade. Enfim, uma mulher loucamente apaixonada pelo marido e pelos filhos, que se torna plena, descobre-se e se realiza, cada dia e sempre mais, no seio da família.

segunda-feira, 12 de março de 2018

O fogão novo e o dia da mulher

O sorriso pode parecer forçado,
mas é só por fora!
No último oito de março, Clarinha (3) chegou do colégio com a animação e a docilidade costumeiras e ficou ainda mais saltitante quando, ao guardar a lancheira na cozinha, deparou-se com o fogão novo. Ela e os irmãos estavam contando os dias para a sua chegada (que deveria ter ocorrido 24 horas antes), e ficaram decepcionados quando a loja nos informou que só faria a entrega no dia seguinte.

Nossos filhos o aguardavam há uma semana, com uma ansiedade inacreditável e até engraçada, por se tratar de um fogão. Se fosse um brinquedo, ou algo que pudessem manusear livremente, a empolgação seria mais compreensível, mas não era o caso. Por isso, vê-los tão envolvidos, deixava a reação ainda mais “fofa”, para mim. “Isso é ser família”, pensava comigo.

Na verdade, não era difícil de entender o envolvimento dos três. Eles estavam presentes, no momento que concretizamos a compra, e se encantaram quando viram o novo eletrodoméstico. Enquanto o Felipe realizava o pagamento, eu e os filhos fazíamos mil planos, imaginando todas as receitas e comidas gostosas que faríamos – e qual seria a inaugural!

O nosso antigo fogão não estava mais colaborando. A potência do forno já não era a mesma e as chamas das bocas viviam oscilando e falhando. Por conta disso, pouco a pouco, fui deixando de preparar lanchinhos surpresas, e não me arriscava a fazer biscoitinhos e bolos. Naquele momento, então, diante da nova aquisição, fiz várias promessas – para mim e para eles –, e pretendo cumprir cada uma delas. Agora, acho que dá para compreender a euforia da meninada!

Café da manhã, com mimos!
Durante a entrega, na manhã daquele dia, o Pedrinho (5), que vinha se recuperando de uma virose, era o único dos três que estava em casa (e não no colégio). Quando o interfone tocou, ele já ficou alerta e foi logo perguntando: “Será que é o fogão?”. E, claro, fez a festa ao saber que sim! Queria ajudar em tudo: carregar, tirar da caixa, retirar os plásticos, ajeitar todas as bocas, colocar no lugar certo na cozinha... Entre uma coisa e outra, ainda soltava um “uau!”, achando tudo o máximo. E não deixava de pensar nos irmãos, imaginando a reação deles e dizendo que queria contar para os dois, assim que chegassem da escola. Acabamos combinando que deixaríamos cada um “descobrir a surpresa” sozinho. Mas, nem deu tempo do André (9) perceber por si só, pois a Clarinha entrou na cozinha primeiro e, no instante que notou, não conteve a emoção e anunciou tudo, (entre pulos e gritos de alegria)!

No meio da vibração, a Clarinha lembrou que tinha algo para me dar. Foi até à sua mochila e me trouxe uma flor de papel, lindamente colorida por ela, recortada e colada em um palito de picolé. “Hoje é o seu dia, mamãe...”, ela disse, toda sorridente. E, enquanto eu a admirava, agradecia e tentava dizer que também era o seu dia, ela emendou: “Feliz dia das mães”! Não segurei o riso, que beirou a uma gargalhada. Dei-lhe um abraço gostoso, vários beijos e uma deliciosa fungada no seu pescoço, que ainda cheirava ao perfume colocado de manhã cedo (misturado ao odor de quem, certamente, brincou e se divertiu muito). Com jeitinho e delicadeza, expliquei que aquele dia não era (somente) das mães, mas de todas as mulheres. Portanto, também era o dia dela, da minha doce menina, que abriu um sorriso espantado, mas cheio de encanto, diante da informação.

Particularmente, nunca fui muito ligada à data (oito de março). Mesmo assim, pelas razões certas ou não, mulheres do mundo inteiro são lembradas e, de alguma forma, celebradas, na ocasião. Para mim, no entanto, é um dia comum, tão extraordinário e especial como outro qualquer. Apesar de me sentir assim, preciso admitir que, em meio à normalidade, o dia teve uns bons toques a mais, que o tornaram (festivamente) diferente.
Recadinho do esposo para as mulheres da família,
em nome dos homens da casa.

Um fogão novo está entre eles, é claro, e recebê-lo foi um dos ápices da ocasião – não apenas para mim, garanto! Falando nisso, que dia ele escolheu para chegar, hein?! Bem simbólico e oportuno – ou não! Para mim, ganhar um fogão, justo no dia da mulher, veio bem a calhar. Foi uma coincidência agradavelmente irônica. A parte agradável, dispensa explicações. Simplesmente, amei e estamos todos curtindo, usando e saboreando muito o presente!


Como se sabe, fogão fica na cozinha, serve para fazer comida, lembra refeição em família, dedicação ao lar, dona de casa... E nada disso combina muito com o tipo de mulher que a data promove. O modelo de liberdade, independência, valor e poder feminino, (infelizmente) é fortemente (e quase que unicamente) associado à mulher profissionalmente bem-sucedida. Mas não exatamente aquela que, mesmo trabalhando fora e cheia de responsabilidade, sabe priorizar a família, porque conhece bem o seu papel (aí sim!). Não. Enfatiza e enaltece a mulher que coloca a carreira (e a si mesma) acima de tudo e de todos. Ou seja, a “dona” que, além de não gostar de receber um eletrodoméstico de presente, iria se sentir ofendida (principalmente, num dia como esse). Está aí a ironia – e o motivo de não dar muita atenção ao acontecimento.

Mas, vamos seguir adiante, com o que encheu o dia de encantos, além do habitual. Muito mais que presentes, é sempre a simplicidade dos detalhes, tão próprio do amor, que cativa e toca o coração. E perceber que tenho isso todos os dias é, absolutamente, impagável.

Logo cedinho, por exemplo, após deixar as crianças no colégio e antes de começar a trabalhar, meu marido preparou o nosso café, como de costume. Mas com uma atenção carinhosa e caprichosa a mais. Ele sabe que eu amo flores, por isso, quando avistou algumas, no caminho de volta da escola, simplesmente encostou o carro, para colhê-las. Tão romântico! Em casa, colocou-as num vaso, para enfeitar e embelezar o nosso desjejum. Para o café, geralmente eu como tapioca simples (só com manteiga), mas ele fez questão de acrescentar ovo mexido, que sabe que amo. Também, não posso esquecer a bela mensagem que escreveu no quadro (e conseguiu preparar tudo a tempo, antes de eu descer).

Arte da Clarinha, para a mamãe!
Eu já estava contente e satisfeita, com todos esses gestos, mas não parou por aí. Durante o almoço, com a família reunida à mesa, o Felipe fez uma emocionante homenagem, em forma de oração, e me surpreendeu com uma linda pulseira, de presente. E não se esqueceu da Clarinha, que ganhou (e adorou) acessórios para o cabelo.

Foi o amor que ganhou o meu dia, tão evidente em cada mimo, mensagem, surpresa, palavra, expressão. E o que realmente deixou o meu coração emocionado e feliz, é saber que isso faz parte do meu cotidiano, independente de data.

A data comemorativa da mulher já passou, mas é isso que desejo para cada uma delas, do mundo inteiro: amor diário, em forma de cuidado, respeito, admiração, apoio, amizade, presença. Assim como a alegria de reconhecer, aceitar e exercer o seu verdadeiro dom e a sua nobre e intransferível missão.

Raquel Suppi

6 comentários:

  1. Que tão lindo cada palavra, ah esses "fogões " cheios de encantamentos. Trazem consigo as mais doces histórias e lembranças da infância. Aproveitando a proximidade da Páscoa, te confesso que o ovo de Páscoa do Gui é escondido ate hoje no forno do fogão ( ele já tem 18 anos). E as brincadeiras para descobrir onde está o ovo são as mais criativas possíveis. Sempre de parabéns pelos textos, conseguiu traduzir o mais puro amor de mãe, mulher e esposa. Magnífica tu és!

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    1. Tudo pode virar um grande encantamento, né? E, falando no fogão, precisa ver o zelo das crianças, com ele. Quer dizer, o zelo que elas querem que os pais tenham com ele! Hahaha Não toleram uma sujeira, e já vem logo chamando a mim ou o pai, para apontar o "crime" e cobrar a limpeza. Uma comédia! kkkkk Ah! E sobre a caça aos ovos de páscoa, qro dicas!!! Amo!!! :) Bjão!!!

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  2. A sua descrição do dia foi espetacular, em todos os aspectos! Por mais mulheres assim.
    P.S.: resolvi comentar no anonimato para evitar possíveis atritos com terceiros. Sei lá, o povo anda tão doido como confusão...

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  3. Quel, ri tanto com essa empolgação com o fogão! achei o máximo, crianças são demais! mas quem não se empolgaria com o fogão cheio de promessas quentinhas, cheirosas e deliciosas! tantas lembranças da infancia que são carregadas de cheiros e gostos, né? delícia em todos os sentidos! e o feliz dia das maes da clarinha tbm caiu como uma luva: provavelmente nossa maior "realização" como mulheres é ser mãe (falando por mim e por você, pelo menos)! tbm nunca fui muito ligada à essa data, apesar que sou meio desligada com todas as datas! kkkkk mas o keríado ta de parabens!! valeeeeu, Cumpadi, suas mulheres aí merecem todo amor e zelo! amo vcs!

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    1. Sim, Rena, nossa maior realização é mesmo essa! E como me orgulho e admiro a mulher que você se tornou!!! Amo muito!

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