Meu menino de 6 anos! |
Meu Pedro completou seis anos de vida, recentemente. Seis anos sendo um presente precioso e incomparável, em nossa vida. Senti tantas coisas com a sua
chegada, que nem consigo nominar. Mas, entre todas as emoções, arrisco-me a
dizer que três se sobressaíram: amor, medo, alegria. Desde o início e até hoje,
não há como falar sobre ele, sem sentir tudo isso junto.
Eu já era mãe, quando ele nasceu.
Mas, sem dúvida, nasceu uma nova mãe, com ele. Eu já conhecia a força do amor materno.
Mas experimentei a sua potência, novamente, como se fosse a primeira vez. Senti
o coração alargar intensamente. Pareceu até ser um movimento físico, sentido no
próprio peito, de tão real e nítido que foi. Um mistério de amor tão grande e
tão perfeito, que só pode brotar do próprio Amor de Deus. Algo que precisa ser
vivenciado, para ser compreendido.
Foi assim que entendi que o amor (de
mãe) não conhece subtração ou divisão, apenas adição e multiplicação. Descobri
que amamos cada filho de forma única e infinita, como se só existisse ele, no
mundo inteiro (ainda que tenhamos dois, três, quatro... ou mais de dez!). Um entendimento
que marcou para sempre a minha vida, e que está íntima e precisamente ligado à
chegada do Pedrinho.
"Foi rápido e fácil demais amá-lo!" |
Pensar no meu Pedro é sorrir sem
perceber. Falar sobre ele, então, é uma delícia! E teria tanto para contar... Costumo
dizer que ele é a nossa alegria, com o seu jeito agitado, sapeca e serelepe de
ser, que tantas vezes nos deixa loucos! E, na mesma loucura, ele nos cativa e
conquista loucamente! É um menininho autêntico, espontâneo e para lá de
sensível e carinhoso, com uma capacidade incrível de nos levar aos extremos: da
irritação ao mais profundo estado de derretimento de amor. Seja como for, sou
completamente apaixonada por ele.
A vinda dele foi bem diferente da
experiência vivida com o André. E foi ótimo ter sido assim, porque foi logo
ficando muito claro para mim, desde o início, que cada filho é irrepetível,
precioso e especial à sua própria maneira. Embora eu pensasse assim, ainda não
tinha ideia do quanto reconhecer e aceitar essa verdade seria tão importante
para a nova fase que a minha maternidade inaugurava: ser mãe de dois meninos
tão semelhantes e tão distintos.
Ainda posso escutar o Felipe
anunciando, emocionado: “Ele nasceu!”. Estava louca que o trouxessem para mim,
para aqueles poucos segundos tão valiosos, do primeiro encontro. As lágrimas me
impediram de vê-lo claramente, mas ainda lembro exatamente do que vi e senti.
Foi rápido e fácil demais amá-lo! Se antes não dava para imaginar a minha vida
sem ele, agora, o sentimento era muito mais forte e doído.
Quando, finalmente, fui levada da
sala de recuperação para o quarto, tão feliz, apaixonada e ansiosa para tê-lo
em meus braços e, então, amamentá-lo, admirá-lo... Uma surpresa assustadora:
meu Pedrinho estava na UTI. A pediatra de plantão me deu a notícia com muita
tranquilidade e cautela. Contou que haviam percebido uma leve dificuldade
respiratória e que por isso ele foi colocado na incubadora, com um “capacete de
oxigênio”, para não cansar. Falou que não se tratava de algo grave e que era,
até certo ponto, “comum” em bebês que nascem de cesárea. Fez questão de enfatizar
que ele não era um “bebê de UTI”, que ficaria lá por no máximo 24 horas.
Explicou que ele seria avaliado a cada seis horas, para saber se já estava
respirando mais confortavelmente e, assim, receber alta da UTI. E, como
“consolo”, disse que eu poderia ser chamada para tentar amamentá-lo, ao longo
dessa espera agoniante.
A pediatra foi realmente muito
atenciosa e amável. Minha mãe também estava lá, ao meu lado, esforçando-se para
sorrir, na tentativa de me deixar mais tranquila. Tudo isso foi muito
importante para amenizar o impacto. Por mais “comum” que seja, era uma situação
nova e assustadora para mim. Meu filhinho não podia estar comigo e isso me
angustiava e provocava um medo doloroso. Uma sensação que carrego até hoje.
Mesmo assim, reagi bem, na medida do possível. Mas foi difícil ver seis horas
de espera se transformar em doze, dezoito...
Amor, alegria, medo, dor... |
Comecei a ficar mais ansiosa porque
sabia que o André (na época, com 3 anos) viria para o horário de visita, no fim
da tarde. Como seria para ele, não encontrar o irmãozinho? Como explicar o que
estava acontecendo? Felipe e uma tia tentaram convencê-lo a esperar o dia
seguinte, mas ele se recusou, dizendo que a mãe e o irmão o estavam aguardando.
De fato, isso ficou combinado há várias semanas. Como era a primeira vez que
ficaríamos longe um do outro, tentei prepará-lo bem, para o momento. Escolhemos
até a roupa que ele usaria: fantasia do Homem Aranha. E assim aconteceu!
Foi muito bom o André ter ido, pois
a sua presença me distraiu e encheu de alegria! Logo que chegou, deu-me um
abraço gostoso e ficou como se estivesse procurando por algo ou alguém. Então,
contamos que a enfermeira havia levado o Pedrinho para trocar a fralda e fazer
uns exames, e que podia demorar. Notamos a decepção no seu rostinho e, por
isso, decidimos entregar o presente escolhido e guardado especialmente para o
encontro dos irmãos: um skate. Ele adorou, pois era exatamente o que queria. Aos
poucos, mais visitas foram chegando, e isso ajudou a mudar o foco do Dé, até a
hora de ir para casa.
Cerca de doze horas depois do nosso primeiro encontro, fui chamada para amamentar o meu pequeno príncipe, pela primeira vez. Quanta emoção! Entrei na UTI Neonatal chorando muito, algo que não pude evitar. Não conseguia enxergar nada ao meu redor, enquanto caminhava. Fitava apenas a incubadora que a enfermeira havia apontado, logo que entramos. Quando vi o meu Pedrinho... nem sei explicar. Basta dizer que amor, alegria e medo viraram uma coisa só!
Que bebê mais lindo! Ele estava só
de fraldinha, tão fofo, bochechudo... tão perfeitinho! Os olhinhos estavam
abertos, com um olhar sereno. Movimentava os bracinhos e as perninhas sem parar
(dentro da barriga, fazia igual!). Como desejei tirá-lo de lá! Trouxeram-me uma
poltrona e me ajudaram a sentar. Retiraram o Pedrinho da incubadora e eu fiz
que ia me levantar, queria ir ao seu encontro, mas a enfermeira me disse,
sorrindo: “Calma mamãe, você está operada, ele vai até você!”. Que momento
feliz quando, finalmente, pude tê-lo nos braços! A gente se reconheceu
imediatamente. Uma conexão que ainda se mantém e só se fortalece.
Presente de inestimável valor! |
Mesmo cansadinho, ele conseguiu
mamar. Uma cena inesquecível, que guardo com precisão e gratidão! Enquanto ele
mamava, pude cheirá-lo, fazer carinho e admirá-lo bem de perto. Peguei nas
mãozinhas, nos pezinhos, em cada um dos dedinhos... fotografei mentalmente cada
detalhe dele. Nesse momento, pensei na possibilidade de não poder levá-lo
comigo para o quarto, e o coração apertou. Se tinha sido difícil ficar longe
dele antes, imagina agora, que já sabia como era gostoso tê-lo em meu colo?!
Foi quando olhei em volta, pela primeira vez, e percebi que tinha outros pais
naquele lugar. Tantos bebezinhos prematuros, em situação grave, cheios de aparelhos
em seus corpinhos tão pequenos. O Pedrinho era tão grande e parecia tão
saudável, comparados a eles. Sentindo a dor daqueles pais, fiz uma oração por cada
um que ali estava.
O pediatra, gentilmente, disse-me
que o Pedrinho precisava permanecer na UTI, por mais algumas horas. Eu estava
me preparando para isso, mas doeu escutar. Não disse uma palavra, ou ia chorar.
Abençoei e dei um beijinho na cabecinha do meu filho, e ele foi colocado na
incubadora. Que tristeza precisar deixá-lo. Sai chorando de lá, mas consolada
por saber que era o melhor para ele, e que em breve estaríamos juntos. Ver a
situação ao meu redor, com casos tão mais sérios, inibia a minha lamentação. Eu
tinha mais era que agradecer.
Voltei para amamentá-lo na UTI, naquela mesma noite. Desta vez,
o Felipe também entrou comigo e foi muito especial. Pedrinho mamou bastante. Sugava
com tanta força, que deu para ver a linda covinha que ele tem na bochecha. Tão fofo!
Até me enchi de esperança que lhe dessem alta. Mas, novamente, fui para o
quarto de mãos vazias. Passamos a madrugada longe um do outro. Não fui mais
chamada. De manhã cedo, minha mãe, que estava comigo, sugeriu que eu tomasse um
banho e ficasse pronta, porque poderíamos ir para casa a qualquer momento.
Cena inesquecível: filhos se conhecendo! |
Enquanto eu me ajeitava no banheiro, lembrei que o Pedrinho
já havia passado 24 horas na UTI, tempo máximo que a pediatra disse que ele
ficaria. Cheguei a pensar: “Será que eu vou receber alta e ele não?”. Imaginar a
possibilidade de ir para casa sozinha, era terrível! Eu não sabia que, naquele
exato instante, meu pequeno também estava se arrumando, para vir ao meu
encontro e irmos, juntinhos, para casa! Quando voltei para o quarto e, em
seguida, minha mãe entrou com ele nos braços, foi uma festa! Mal podia
acreditar que ele estava ali!
Dali adiante, aquele
dia foi só alegria! Não demorou, e o André chegou, com o pai, para nos buscar.
E, então, presenciei uma das cenas mais lindas, apaixonantes e marcantes da
minha maternidade: ver os meus dois filhos juntos, pela primeira vez. Quando o
Dé entrou, veio falar comigo cheio de sorriso, sem perceber que o Pedrinho
estava ali, no colo da vovó. Logo que se deu conta, seu semblante se
transformou, adquirindo um aspecto solene. Por sua vontade, ele se aproximou e
foi como se, finalmente, tivesse compreendido o que era ter um irmão. Eu quase
podia ver um amor os envolvendo e um elo indestrutível se formando, entre os dois.
Aí, ele fez carinho, beijou a cabecinha, tudo de forma espontânea, e pediu para
segurá-lo. Emoção demais para o meu coração! Naquela mesma noite, os irmãos
dormiram juntos, no mesmo quarto, pela primeira vez. E começou, de fato, um
novo tempo na nossa família, muito mais pleno!
Alegria da minha vida! |
Tudo isso que descrevi, passa por minha cabeça, frequentemente.
Eu me pego rindo sozinha, e também me emociono. Às vezes, a memória
surge sem que eu me esforce. Outras, faço questão de relembrar, especialmente
quando o Pedrinho está me tirando do sério, com as suas peraltices. Pensar em
tudo o que passamos: os sofrimentos e inseguranças dos primeiros dias; as dificuldades e adaptações dos meses seguintes... enfim, geram em mim
tanta gratidão por vê-lo, hoje em dia, tão cheio de saúde e energia, que fica mais fácil lidar com as situações desafiantes que surgem.
Como não amar perdidamente um menininho, tão lindo e sapeca,
que tanto me ensina e incentiva a ser melhor? Como não ser eternamente grata
pela vida de um garotinho que exala tanta alegria e espontaneidade, por onde
passa? Como não temer, terrivelmente, cometer qualquer falha com ele, que é um verdadeiro presente, de valor inestimável para nós? Assim, Amor, alegria e medo (entre outras coisas
mais) estão sempre de mãos dadas, na nossa relação. Sendo o Amor, infinitamente
maior – sempre!
Raquel Suppi (mamãe)
Que linda homenagem, meu amore. O que dizer depois disso? Confirmo e reafirmo cada palavra. Muita gratidão a Deus pela vida do nosso pequeno. Papai ama demais!
ResponderExcluirObrigada, amore! É memso muito amor e gratidão! Te amo!!!
ExcluirNossa, que texto inspirador! Parabéns para o seu filho e pela forma tão clara de expressar as suas emoções. Gabriela Feitosa
ResponderExcluirObrigada, Gabriela! :)
ExcluirAi Quel, e eu sofri tanto com as longas 7h que Benjamin ficou longe de mim com o capacete... só posso imaginar seu coração! e o daquelas outras "mamaes de UTI", também sempre rezo por elas e seus bebes. Massss o foco do post é a alegria, ne? E e é mesmo, alegria e espontaneidade. pepeto é um vulcão, e olha que eu sei sobre vulcão, ne? kkkkkkk precioso e único, pensar no pepeto já me lembra empolgação e surpresa! Bendito seja Deus por sua vida e que Ele esteja sempre perto olhando seus passos, cuidando, protegendo nas peraltices e dando paciencia aos pais! e muitaaaaa saúde, Jesus! te amamos, pepeto!
ResponderExcluirSim! O foco é a alegria!!! Pura alegria do nosso Pepêto! Obrigada, Rena, por ser essa tia carinhosa e amorosa!!! Te amamos!
Excluirahhh, e lindooooo texto, quel! nem precisava falar!
ResponderExcluirObrigada, Rena!!!! Beijos, beijos, beijos!
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